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Quase 12 mil quilômetros e um fuso horário atual de seis horas separam Jaraguá do Sul de Tallinn, na Estônia. O casal jaraguaense Gabrielle Figueiredo e João Marcos de Souza moram no país desde fevereiro de 2019, e contam pra gente como é a vida por lá.

João e Gabi em Tallinn, cidade em que vivem desde fevereiro de 2019. Fotos: Arquivo Pessoal

Bom, antes de mais nada, é bom frisar que não se trata de um déjà vu, você já viu esse casal por aqui em outra oportunidade. Lá em 2017 nós contamos a história deles, de quando saíram de Jaraguá para ir para para a Irlanda .

Além disso, o João e a Gabi também fizeram parte da história do Por Acaso, sendo parte da equipe por anos. Mas isso é história pra outra oportunidade, portanto, vamos falar sobre a Estônia? Aliás, você tem ideia de onde fica a Estônia no mapa?

Localizada na Europa, a República da Estônia é um dos três países bálticos, junto com a Letônia e Lituânia. O país possui cerca de 45 mil quilômetros quadrados e cerca de 1,3 milhão de habitantes. A capital é Tallinn (onde eles moram), e possui cerca de 440 mil habitantes.

Um breve comparativo com a extensão territorial do Brasil: Santa Catarina, que é um dos menores estados brasileiros possui cerca de 95 mil quilômetros, mais do que o dobro que a Estônia em extensão territorial, e mais de 6 milhões de habitantes.

Ao contrário de muitas outras capitais da Europa, Tallinn conseguiu preservar totalmente sua estrutura de origem medieval, e a Old Town (Cidade Velha) foi inscrita como Patrimônio Mundial da UNESCO em 1997. Ela também leva o título de cidade medieval mais bem preservada do norte da Europa.

Mas o que levou à essa mudança do casal para esse país não tão conhecido? Por que escolheram a Estônia?


Busca por novos ares

Após 4 anos morando em Dublin, capital da Irlanda, João conta que sentia que estava na hora de mudar.

“Chegou um momento que eu já não via mais motivo de estar lá. Tive ótimos momentos no país e ainda sinto uma forte conexão com a Ilha Esmeralda, mas estava na hora de experimentar coisas novas”, revela. “Se eu estivesse procurando por uma residência fixa voltaria ao Brasil, que é onde estão meus amigos e familiares. Foi então que começamos a conversar sobre a possibilidade de uma mudança e nos organizar com relação à isso”.

Segundo o casal, a experiência de já morar fora por um tempo faria com que a adaptação em um novo país fosse um pouco mais fácil, porém, sabiam que também seria um desafio.

O fato de não possuírem cidadania europeia também era um dificultador, e reduzia um pouco as opções, tornando possível a mudança apenas por meio de trabalho ou estudos.

Foi então que eles começaram a procurar por oportunidades de trabalho na Europa, mas sem um destino específico. 

Existiam algumas preferências, mas no melhor estilo “deixa a vida me levar” começaram algumas aplicações, participaram de alguns processos seletivos até que uma oferta de um país, até então desconhecido, chegou na caixa de e-mail de João.

A Estônia surgiu como destino por uma possibilidade de trabalho, conta João

“Bom, não vou mentir em dizer que sabia qualquer informação sobre a Estônia antes de receber a oferta de emprego. Eu tinha uma amiga morando por aqui e o máximo de contato que tinha era pelas fotos que ela publicava. Antes disso, eu não me recordo nem ao menos de ter visto sobre o país em qualquer lugar que fosse. Mas como estávamos realmente com muita vontade de nos mudar e experimentar algo novo, aceitamos a proposta e hoje podemos dizer que foi a decisão mais certeira que poderíamos ter tomado”, relembra João.

A vida na Estônia

A Estônia é um país muito novo, fez parte da União Soviética até 1991, ano em que finalmente conquistou sua independência. Muito da cultura Russa está enraizada no país, e, inclusive, 25% da população é russa. Mas mesmo assim, o povo estoniano possui uma personalidade forte e tradições presentes até hoje em dia.

Gabi e os cenários estonteantes de uma cidade com características medievais preservadas

Como João afirma, antes da mudança, eles não tinham muitas informações sobre o país, mas acreditam que, de certa forma, isso ajudou positivamente na adaptação. “Quanto menor a expectativa, maior a surpresa”, acredita João.

“Nossa adaptação ao país foi muito mais fácil e rápida do que esperávamos. O fato de já morarmos fora do Brasil por algum tempo nos ajudou muito nisso, pois alguns fatores como saudades de casa, amigos e família já era algo com que convivíamos diariamente, então não pesou tanto”, conta Gabi.

A Estônia é conhecida por ser um país muito tecnológico e evitar ao máximo qualquer tipo de burocracia quando se trata de algum serviço relacionado ao governo.

Você consegue fazer praticamente tudo online e o programa e-estonia é mundialmente reconhecido por isso, obtendo o título da sociedade digital mais avançada do planeta

Cidade proporciona clima de interior com qualidade eruopeia
História por todos os lados, como na St. Catherine’s Passage

“ Vindo de um país como o Brasil – e até mesmo a Irlanda que é bem burocrática dependendo do serviço que você precisa – foi um misto de emoções ao se adaptar a essa nova rotina, mas isso eu digo no melhor dos sentidos. Você consegue fazer praticamente tudo de casa e, após regularizar a situação do seu visto no país, sua vida fica muito descomplicada”, conta.

Mais de 98% dos cidadãos de lá possuem RG digital, com um chip que lhes garante acesso a mais 500 serviços do governo. Quase tudo pode ser feito digitalmente.

“Com um clique você declara seu imposto de renda, agenda suas consultas médicas, visualiza o resultado dessas mesmas consultas, acessa sua conta bancária, assina documentos digitalmente e pode, até mesmo, abrir uma empresa. Nós alugamos nosso apartamento semanas antes de chegar na Estônia”, explica João.

Anos atrás o Fantástico fez uma matéria muito bacana sobre esse pioneirismo do governo estoniano e dá pra ter uma ideia de como é viver no país – inclusive eles citam as eleições, onde, em 2005, a Estônia foi o primeiro país do mundo a usar o voto político online.

https://www.youtube.com/watch?v=Ba_agAB8oek&t=252s

Qualidade de vida

Atualmente a Estônia ocupa a 30º posição na lista dos melhores IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do mundo – para comparação, na mesma lista o Brasil aparece em 79. 

O IDH é uma medida comparativa de riqueza, alfabetização, educação, expectativa de vida, natalidade e outros fatores para os diversos países do mundo. É uma maneira padronizada de avaliação e medida do bem-estar de uma população, especialmente bem-estar infantil.

“A qualidade de vida, com toda certeza, foi fator preponderante nisso. Um exemplo de Tallinn, a capital e onde moramos, é que foi a primeira cidade da Europa a oferecer transporte público gratuito para seus residentes, isso em 2013. Também nos sentimos muito seguros por aqui, por ser uma cidade relativamente pequena, aquela vibe de interior raiz jaraguense continua conosco, porém com todos os acessos de uma capital europeia com aeroporto, portos, shoppings centers e tudo mais”, conta Gabi.

Outra coisa que impressiona bastante os dois é o fato de que as estações do ano são muito bem definidas. O inverno na Estônia é de fato rigoroso, com neve e bem escuro, e eles chegaram a sentir na pele temperaturas a -15ºC, bem diferente do que estavam acostumados na Irlanda. 

Contrastes das estações
Inverno chega a ter temperaturas abaixo de zero

“Porém, conforme os meses vão se passando, é muito legal ver a mudança das estações por aqui, campos floridos na primavera, praia no verão e aquelas vistas de cinema durante o outono”, destaca João.

Praia na europa tá longe de praia brasileira, mas dá pra mater as saudade
Depois da neve, qualquer solzinho é motivo de festa

Os estonianos possuem a fama de serem muito fechados e não dão abertura para jogar conversa fora como adoramos fazer no Brasil. Esse foi um dos grandes choques culturais que os dois sentiram ao se mudar para o país.

“No começo é um pouco estranho, mas a gente se acostuma. Quando você percebe que não é nada pessoal e sim um traço da personalidade deles, tudo fica mais fácil. Assim como para nós isso é estranho, pra eles com toda certeza não faz sentido você se tornar o melhor amigo de alguém que você acabou de conhecer na balada, não é mesmo?”, diz João.

Outro ponto é definitivamente o idioma, que é o estoniano. O inglês é falado por parte da população, mas dificilmente por pessoas mais velhas, por exemplo, o que pode ser bem desafiador em algumas situações.

No mercado, os produtos e embalagens também são sinalizados em estoniano, sendo apenas algumas coisas em inglês. 

“O inglês faz falta nas coisas mais simples pra mim. É possível viver apenas com ele, inclusive no trabalho, mas existem momentos que eu gostaria de me comunicar melhor e entender o que está acontecendo ao meu redor, seja ao esbarrar com um vizinho ou até em um evento acontecendo na rua”, conta Gabi.


Falando um pouco mais sobre trabalho, a Estônia é conhecida por ser um paraíso das startups, e um ótimo local para criar uma empresa – o que demora apenas três horas para ser feito. Com dados de 2017, o país ocupa a terceira posição na Europa em relação ao maior número de startups per capita, com 5 startups a cada 100.000 pessoas. Empresas como Skype, Hotmail, Kazaa e Transferwise também são estonianas, o que deu força a todo esse cenário no país.

A rotina na quarentena por conta do coronavírus

No momento em que fazíamos essa matéria, a Estônia preparava-se para entrar em sua oitava semana de quarentena por conta do Covid-19, e Gabi e João também compartilharam um pouco sobre como está sendo sua rotina nesse momento. 

“Bom, sem sombra de dúvida foi algo completamente novo e inesperado. Jamais imaginei passar por isso na vida e está sendo um aprendizado. Por sorte, nós temos a opção de trabalhar remotamente, então temos o privilégio de nos manter isolados pelo máximo de tempo que conseguimos e ainda manter nossas rotinas com relação ao trabalho”, explica João.

Gabi conta que o país começou aos poucos flexibilizar as restrições por conta do Covid, mas ainda muitos locais seguem fechados, apenas com farmácias e mercados abertos, e restaurantes funcionando com entrega. 

“É um pouco difícil por ser algo totalmente novo e nenhum ser humano se adapta facilmente ao isolamento, mas entre saúde e diversão, a primeira opção vai ser sempre prioridade”, afirma.

Novo projeto para compartilhar a vida no país

Recentemente Gabi, que é jornalista, e João, que é publicitário, lançaram o projeto Tere Tallinn, um site para compartilhar suas experiências na capital estoniana. 

A ideia surgiu faz tempo, mas só agora que o projeto saiu do papel. No site, serão compartilhadas informações sobre a vida no país, desde turismo até trabalho e estudo. 

https://www.youtube.com/watch?v=CjFgrD6gvHg&t=10s

“A gente pensava que ninguém conhecia a Estônia, mas quase todo dia eu recebo mensagem de pessoas querendo vir morar aqui ou apenas querendo conhecer a turismo. Queremos ser o ponto de conexão e informação para quem tem interesse na Estônia”, explica Gabi.

Site: http://teretallinn.com/

Instagram: https://www.instagram.com/teretallinn/

Facebook: https://www.facebook.com/teretallinn/

Acompanhe a Gabi e o João também pelo Instagram deles @gabi.viaja e @joaao.marcos.

Sobre o artigo que você leu

“Jaraguaenses Pelo Mundo” é uma série que compartilha com vocês tudo que passaram pessoas que optaram sair de nossa cidade para viver no exterior, e assim inspirar quem mais tem esse sonho. Conhece alguém com uma história legal pra compartilhar?


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